quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Terror em um minuto

Escuridao. Som estridente de alguém batendo e arranhando a porta. No quarto, grito de mulher, seguido de nervoso som de isqueiro. Chama. Uma vela é acesa e posta num pires. Rosto de mulher em pânico.

"João, acorde! Acorde, João!"

Ao lado da cama, um corpo se move sob um cobertor. Um homem estende o braço

"João, acorde!" Estica a mão para tocá-lo, mas ele se vira violento para ela. A encara, irritado, sem nada dizer nada.

"Você ouviu? Não ouviu? Tem alguém lá fora."

Ele a encara severo, mas não diz nada. Olha para ela impaciente, sempre fixamente, mas nao faz nenhum movimento, indiferente a sua aflição.

Batidas violentas. Ela corre pra janela, tenta olhar pelas frestas, sempre apoiando-se na vela, sombras horriveis são projetadas nas paredes. 

Ela se aproxima da porta. 

O homem volta a se virar na cama.

"Você não vai fazer nada? Vai ficar aí parado?" 

Ouve-se uma batida na janela, forte. Ela mais se apavora. João indiferente, olha o teto.

As batidas tornam-se insuportavelmente fortes. A janela treme, ameaça estourar. Entre gritos e lágrimas, ela apoia as costas na janela. 

"João, me ajude!"

Sem pressa, ele se levanta, senta-se impaciente na cama e cruza os braços. 

A mulher grita. Grita, as batidas intensas. Ela está histérica, a maquiagem rola pelo rosto.

João se levanta, se aproxima e usa a vela para acender um cigarro, traga, lança fumaça no ar. Fica de pé e se aproxima dela, indiferente às batidas que ameaçam derrubar a janela e o desespero da mulher

"Voce vai ficar aí parado, seu desgraçado? Inútil! Inutil! Inutil!"

Furioso, ela desfere com violência um tapa no rosto da mulher. 

"Por que você não cala a sua boca, sua vaca? Você não cansa de repetir isso toda a noite?"

Param as batidas da janela, no silêncio, só se ouve a respiração ofegante da mulher.

"Eu já entrei! A casa agora é minha!" E você está morta! morta!"


Ela recua de costas até a porta, sempre de cabeça baixa, o cabelo cobrindo o rosto. Respiração ofegante que aos poucos vai se tornando uma risada. Ela ergue lentamente a cabeça, enquanto a risada explode histericamente numa gargalhada, o rosto sombrio, olhando pra ele. Ameça dar um paço em direção a João. E desaparece.



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