Dizem que os corações têm um número limitado de batidas, que toda equação entre vida e morte dos mamíferos sugere uma só duração. Eu que tenho amado sem freio, percebo que tenho menos tempo por causa do amor. Que há hordas de paixões assassinas. E que o amor verdadeiro que me quisesse vivo, tinha que ser manso pasto de arcádias. Aquele disparo no peito, horas a menos; aquela ligação perdida, uns dois dias; aquele adeus-para-nunca-mais, meses ou anos demasiados. Tenho sido constantemente assassinado. Meus amores me matam a cada esquina, no ritmo frenético dos carros, dos atropelamentos. Ninguém portanto vive um grande amor, morre-se um grande amor. Mas meu coração suicida não entende nada de estatísticas, meu coração kamikaze quer a morte lanceada de cada dia, quer o balaço dos dentes roendo ombros, bocas que sangram a carne rara dos mamilos. É que só entendo o amor como a pequena morte, estampada na cara de Teresa Dávila de Bernini. Por isso, para viver mais: não amar.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
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