Na verde espessura
Do fundo do mar
Nasce a arquitetura.
Da cal das conchas
Do sumo das algas
Da vida dos polvos
Sobre tentáculos
Do amor dos pólipos
Que estratifica abóbadas
Da ávida mucosa
Das rubras anêmonas
Que argamassa peixes
Da salgada célula
De estranha substância
Que dá peso ao mar.
Concha e cavalo-marinho.
Concha e cavalo-marinho:
Os ágeis sinuosos
Que o raio de luz
Cortando transforma
Em claves de sol
E o amor do infinito
Retifica em hastes
Antenas paralelas
Propícias à eterna
Incursão da música.
Concha e cavalo-marinho.
Azul... Azul...
Azul e Branco
Azul e Branco
Azul e Branco
Azul e Branco
Azul e Branco
Azul e Branco
Azul e Branco
Azul e Branco
Azul e Branco
Azul e Branco
Azul e Branco
Azul e Branco
Azul e Branco
Azul e Branco
Concha...
e cavalo-marinho.
Vinícius de Moraes
[No Palácio Gustavo Capanema, o poema de Vinicius de Moraes materializado em azulejos de Portinári: azul e branco. Manhã de segunda-feira, Rio de Janeiro, e um dia de sol.]
[O Palácio Gustavo Capanema foi construído entre 1936 e 1945, por uma equipe liderada por Lucio Costa.
Nela, estavam os então jovens Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão e Oscar Niemeyer, entre outros. Os jardins foram desenhados por Burle Marx. Os azulejos da fachada, bem como os painéis do segundo andar, por Candido Portinari. Por tudo isso, o Capanema é considerado um dos principais edifícios do modernismo brasileiro, e seu prédio é tombado desde 1948.]
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